segunda-feira, 1 de julho de 2013

JOÃO BATISTA, PROTÓTIPO DA HUMILDADE...

QUANDO JOÃO BATISTA APARECE NO DESERTO PREGANDO APÓS 400 ANOS DE SILÊNCIO PROFÉTICO, MUITOS VÃO TER COM ELE E FICAM MESMO ADMIRADOS COM AQUELA VOZ QUE CLAMAVA, E AINDA HOJE CLAMA NO DESERTO: ARREPENDAM-SE!

Entre os Antigo e Novo Testamentos existem algumas páginas em branco; estas representam 400 anos de intervalo entre Malaquias e os Evangelhos... Neste interregno, de silêncio por parte de Deus - que falava através do pais e dos profetas - se estabelece com força total, na Grécia Antiga, a Filosofia. Nasce em Mileto com Tales, Anaximandro e Anaxímnes em VII a.C., mas atinge em Atenas mormente, no entanto, seu ápice, no séc IV a.C. com Sócrates, Platão e Aristóteles, e, com estes, os sofistas e os céticos. Neste momento histórico, reina também Alexandre Magno (356 - 323 a.C.) e com este é disseminado o helenismo (cultura e deuses gregos). Com a morte de Alexandre, Roma, após o enfraquecimento do império grego, o conquista pelo seu poder bélico, porém é conquistado pelo helenismo. Filosofias, seitas e movimentos se espalham e espalham seus sincretismos. O epicurismo e o estoicismo seguem influenciando de forma contundente o judaísmo, bem como o gnosticismo e todas as demais seitas e filosofias ramificadas de então, e se tornariam, mais tarde, as "feras" referidas por Paulo, que teria de enfrentar: em Atenas no Areópago, ocorreu um desses enfrentamentos.


Pois bem, em meio a tantas diversidades de religiosidade e cultura mesclada greco-romana, uma figura exótica, solitária e de costumes estranhos aparece "naqueles dias" (conf. Mat 3) pregando: ARREPENDAM-SE, ARREPENDAM-SE! Quem seria aquele João Batista? Veremos.

ESTA É A TÔNICA DA MENSAGEM: "ARREPENDAM-SE", PORÉM MUITOS ENSINAMENTOS (O QUE É ÓBVIO, NÃO PODEMOS AQUI ESGOTAR) PODEM SER TIRADAS DESTE CONTEXTO... ESCREVER ALGUMA COISA À RESPEITO É NOSSA INTENÇÃO NESTE MOMENTO.

Análise/Meditação
 
Mateus 3:1 

a) Apareceu quando? 

"Apareceu naqueles dias". Que dias? Daqueles acontecimentos. João Batista, aquele pregador, aquele mensageiro gritando, pregando, evangelizando, apareceu "naqueles dias" daquele momento histórico, daquele momento que antecedia a manifestação do Filho de Deus, Jesus; que antecedia a manifestação do Filho de Deus, o Salvador. Era o Messias que estava sendo tão aguardado como o grande Libertador de Israel (das garras do Império Romano) o grande inimigo em questão, mas acerca de João o próprio Isaias também havia profetizado: "Vos do que clama no deserto...", e Malaquias também houvera dito: "Virá no vigor e poder de Elias". Ele veio, e clamou. E assim a história se repete, porém, o momento histórico muda no tempo; se chama Hoje. Muda também o afligido em questão: agora o aflito sou eu, é você. Não mudam as circunstâncias: o deserto e suas características. E o principal, não muda o LIBERTADOR.

Quem foi o Batista? Foi aquele João, filho de Zacarias, sacerdote que entrou no Santo dos Santos e que exercendo seu serviço sacerdotal recebeu a visita do anjo que lhe anunciaria o nascimento do menino de sua esposa estéril Izabel, irmã de Maria, portanto, primo de Jesus que nasceria três meses depois de João. João fora consagrado nazireu prometido e seu ministério seria o de "preparar o caminho do Senhor".

b) Apareceu onde?

"Apareceu no deserto". 

Por que no deserto? O que caracteriza um deserto? 

O deserto é caracterizado, justamente por ser um lugar inóspito (de condições totalmente adversas à sobrevivência). Trata-se de um lugar solitário, de contrastes climáticos, de sol escaldante de dia, e frio intenso à noite. De terríveis tempestades de areia que chegam sem o menor aviso prévio, areia, aliás, que serve de esconderijo para os animais peçonhentos que rastejam sob ela e se camuflam em meio às rochas, inclusive as bestas feras que atacam e caçam nas trevas. Lugar de escassez de água, de caça, de sombra, de relva, enfim, de vida. Lugar de solidão e que provoca miragens e induzem ao erro; à chamar de realidade aquilo que é apenas ilusão de óptica. Pois bem, será difícil imaginar que é neste lugar e nestas condições totalmente adversas à vida e à felicidade que são encontrados aqueles que "vivem" suas vidas sem Jesus, o aguardado Salvador e Libertador. Que lugar melhor para que se fizesse ecoar o clamor de anúncio de socorro, e que o socorrista está próximo, chegando, se aproximando em direção à voz enquanto esta está ali explodindo em seu interior? Não foi enviada a voz aonde seria para as nossas mentes racionais, natural de se esperar que ela se manifestasse: nos lugares públicos, nas grandes concentrações, nas arenas, nos estádios, nas catedrais, ou seja, não é a voz que vai atrás do povo, mas é o povo que, ao tomar conhecimento de que a mesma está se fazendo ecoar no deserto, que quem a deseja ouvir vá até ela. Ela estava no deserto (lugar estranho) para quem quer ser conhecida. E hoje, está na Igreja (outro lugar estranho), igrejinha de quatro paredes, lugar de fanáticos religiosos (aos olhos humanos), de analfabetos, escravos da religião, alienados do mundo e suas nuances e seu espectro de glamour. Enfim, onde estão aqueles que buscam ouvir a voz de Deus? Não serão encontrados no deserto das adversidades? Das solidões? Dos pânicos, das depressões e dos medos de toda espécie de bestas feras? Pois foi exatamente neste habitat que ele, Deus, envia seu mensageiro: a voz que clama.

E como ele apresenta? Com que aparência?

Como é estranho o lugar onde aparece pregando, de igual forma é estranho a aparência com a qual se apresenta para trazer sua mensagem de chamado ao arrependimento. Não se apresenta vestido com trajes de romano (de homem prático que conquista as coisas pela força, ou pelo esforço) nem vestido com trajes gregos (que caracterizam a intelectualidade, a racionalidade, a sabedoria humana) e tão pouco se veste com trajes que caracterizam a religiosidade dos judeus, daqueles que se vestem de trajes imponentes, com longas filacterias e franjas e que se apresentam nas praças para serem vistos pelos homens e amam os primeiros lugares nas sinagogas. Mas ele não. O que veste é exótico, é veste que não o identifica com nenhuma classe social da época, mas que o identifica sim, como um verdadeiro habitante do deserto, sendo que o que Jesus ressaltaria não a sua aparência exterior, mas a verdade que provinha de seu coração; de seu interior: a verdade. "Que fostes ver no deserto? Um homem vestido de belos trajes? De belas vestes? Fostes ver uma cana abalada pelo vento? Pois eu vos digo: que nascido de mulher ninguém há maior que Joãqo Batista, mas, aquele que está no reino de Deus é maior que ele". Mas suas vestes, no entanto, lembram, em muito um habitante do deserto: pele de camelo e cinto de couro. 

Pele de camelo: Camelo lembra, em primeiro lugar resistência, e resistência lembra perseverança, esforço, empenho, enfim, o camelo é um tipo de "haja o que houver, e a que preço for, não vou parar, não vou recuar, não vou desistir, não vou desanimar, e se cair sete vezes, eu sei, em todas elas que o senhor me levantará". A caminhada do "camelo" é de fé em fé, de glória em glória, e de vitória em vitória. Um passo de cada vez:, comedido, porém, ininterrupto: "a cada passo que eu dou na vida, é um degrau a mais que subo aos céus" (diz o cântico). É caminhada de quem sabe, que por mais extenuante que seja ela, que em algum lugar neste deserto há um oásis, e este é objetivo de quem caminha no deserto; chegar ao oásis. Esse oásis se chama Horebe, ou Sinai: o Monte de Deus. O monte onde Deus nos aguarda para festejarmos nossa libertação e livramento deste mundo viu, inóspito para aqueles que foram chamados (no deserto) por aquela estranha voz, e este Horebe se chama hoje: Igreja, o lugar da adoração. Igreja física, de quatro paredes? Não, Igreja, lugar onde se reúne o povo de Deus. Igreja, lugar do corpo místico de Jesus. Igreja, lugar  onde dois ou três se reúnem em nome do Senhor Jesus e ali Ele se apresenta no meio deles. Igreja onde "glória e majestade estão ante a face do Senhor, força e formosura, no entanto, estão no seu santuário".

Cinto de Couro: O cinto de couro está diretamente relacionado à verdade. Em Efésios 6, ao mencionar a armadura de Deus, Paulo refere-se ao cinto de couro com esta representatividade. Por que? Porque quem decidi falar e viver na verdade, certamente terá de viver uma vida no aperto de suas decisões e de suas falas. Lembra-se de que o caminho é apertado e a porta é estreita? Pois bem, é porque a verdade faz com que assim seja. A verdade implica em não se viver de forma travestida, dissimulada, disfarçada. Também não nos permite falar, testemunhar, depor de forma mentirosa aquilo que vemos, mas que não temos coragem ou intenção de relatar como o observamos ocorrer. Significa ainda, comprometimento com o que demos a nossa palavra que faríamos, ou seja, implica em cumprir com nossa palavra dada. Verdade, também é não mentir para nós mesmos, enganarmos a nós mesmos. Tudo isso implica em viver, neste mundo corrompido e perverso; de aparências e ilusão, a verdade que a tudo contradiz. 

Virá no vigor e poder de Elias (com a mesma unção): No segundo livro dos Reis 1: 8, a Palavra descreve que este usava também pele de camelo e cinto de couro, e este indício dá a entender que ele veio com a mesma unção, mesmo perfil, com a mesma missão. Ou seja, a de profetizar. Profetizar o quê? A vinda do Salvador. O que podemos destacar daí? Que aqueles que estão na liderança de uma igreja local, não podem se vestir de forma diferente do profeta que o antecede. Que quer dizer? Que o pastor da igreja não pode ser contrariado em sua forma de conduzir o rebanho. O mensageiro do culto em questão não pode ter perfil e nem visão diferente da do pastor e profeta da igreja. Não pode "despregar o que está sendo pregado". Tem que ter a mesma visão e estar no mesmo poder e unção do Elias que o antecede. Tem que falar a mesma linguagem espiritual.

Em que lugar? Com que roupa? Com que semelhança ao profeta? E agora: Com que mensagem? 







 





 



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